Cada vez mais fortes e
fruto de uma real conscientização sobre o gestar, o nascer e o viver,
movimentos como a humanização do parto, a amamentação exclusiva e com livre
demanda, a criação com apego, a presença ativa do pai na criação dos seus
filhos e toda a ordem de questionamentos sobre o tema, cercam de infinitos
cuidados a chegada do bebê. O que é naturalmente e simplesmente alinhavado com
a vida desde que o mundo é mundo. Mesmo que por alguns longos momentos,
tenhamos nos afastado disso.
E a Astrologia, por sua
vez, passa a ser não apenas uma ferramenta para o conhecimento da
personalidade, potenciais e possíveis dificuldades e orientações para daquela
criança desenvolver-se o mais plenamente possível, como o instrumento eleito
para que se decida qual o melhor momento para o seu nascimento.
Antecipar ou retardar sua
chegada, não sendo por um motivo estritamente médico e bem indicado, é além de
um risco desnecessário, uma interferência descabida e um profundo
desconhecimento do que é a Astrologia e a serviço do que ela está.
Embora seja uma prática
antiquíssima, nos últimos anos houve um reflorescimento da Astrologia, ganhando
a mídia, mas nem sempre acompanhada das informações corretas.
A começar pelo ilusório
desejo de imprimir ou excluir traços na criança que está por vir a partir de
possíveis características e dinâmicas astrológicas. Ora, sermos responsáveis e
acompanharmos outro ser em sua caminhada através da vida é o primeiro grande
exercício de falência da nossa onipotência.
Optar pela data e hora do
nascimento por motivos astrológicos tem sido cada vez mais comum. Mas,
simplesmente não podemos tratar algo tão profundo como a Astrologia, com superficialidade.
Não se trata de uma ingênua conta matemática e sim da tentativa
de interferência e manipulação de elementos astronômicos e de simbolismos
astrológicos que vão compor a mandala celeste arquetípica, específica daquela criança
e que conta a sua história.
Esta busca pode ter a ver com uma idealização sonhadora ou mesmo
com experiências desagradáveis com alguém do previsto signo do filho e que
agora quer evitar a todo custo que esta energia se repita.
Quem não deseja para seu filho uma vida plena, criativa, sem
grandes obstáculos e com seus potenciais devidamente estimulados, prontos a se
desenvolverem? Pode ser por transferência, ou seja, por desejar que o filho
realize, ou seja poupado de certas experiências que foram consideradas
negativas pelos seus pais.
Pois é, mas a vida não é um teatro de marionetes, em que temos
os movimentos sob o nosso comando. E que bom que não é assim! Que bom que a
vida tem o dom de nos surpreender e alinhavar relações, por exemplo, entre
nossos filhos e nós, com temperos desconhecidos.
E que lindo quando podemos perceber o quando as diferenças se
complementam, o quando as singularidades nos fortalecem.
Existe uma situação específica em que acho aceitável observarmos
e apontarmos o céu eleito. É quando uma cesárea deve ser agendada anteriormente
por motivos estritamente médicos.
Se isso é dado como certo e se existe uma margem de dias em que
ela poderá acontecer, deixando o médico a critério dos pais, definir dia e
hora, sinto que entre a escolha aleatória de um leigo, e a de um astrólogo
responsável e conhecedor do seu ofício, fico com a segunda opção.
Podemos tentar harmonizar aquela chegada, equilibrar elementos,
fazer alguns ajustes na dinâmica como um todo, cuidar do melhor momento para a
vitalidade da mãe durante o procedimento. Mas, mesmo assim, tudo poderá ser em vão,
mesmo ao pensarmos que estamos escolhendo alguma coisa.
Os indianos dizem que uma criança só nasce quando o carma
individual dela se alinha com o carma coletivo. Ou seja, não importa o que
façamos, ela chegará quando for a sua hora. E bem vindas sejam todas as
crianças, que vieram para aprender, se desenvolver espiritualmente e também
para nos ensinar.
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