SOBRE ISOLAMENTO SOCIAL

“SOBRE O ISOLAMENTO E ACOMPANHADOS DA GRANDE POSSIBILIDADE DE ESTARMOS VERDADEIRAMENTE PRÓXIMOS DE NÓS MESMOS. “

Você sabe onde dói? Sabe o que em você geme por cuidados, às vezes tão baixinho, que nem escuta direito? Há quanto tempo desistiu de tentar entender ou sentir mais fundo este chamado?

Estamos em casa, tempo de fazer ninho, para que o mistério disponível e a nossa consciência possam promover limpeza, redenção, percepção, conscientização e cura dos assuntos do corpo, da alma, da personalidade, do viver, da organização social, econômica, política, ambiental, educacional, da nossa casa maior que é o planeta que habitamos. São pontos nevrálgicos.

Tudo é ampliado como que por uma grande lente de aumento. É preciso amparo e entendimento para que toda a grandeza deste momento seja compreendida. Sim, acredito que o momento apesar de toda dor, de todas as perdas, desespero e horror tem uma grandeza imensa que será capaz de nos fazer enxergar um outro estar no mundo.

Busque amparo ao conhecer uma outra filosofia de vida, uma prática espiritual, um ritual, poesia, música, cores, movimento. Leia o que te interessa, leia algo totalmente novo, se experimente. Escreva para você, grave o que quiser dizer, cozinhe, se nutra de todas as formas possíveis. Escreva cartas e envie. Escreva cartas e se achar que não estão prontas, reserve. Não faça nada se não quiser. O que importa é que encontre um sentido. Mude as coisas de lugar, desentulhe a vida, você bem sabe do que não precisa mais.

Areje, oxigene e deixe vida entrar. Estamos vivos, quem me lê tem abrigo, tecnologia que sabe fazer contato com o mundo todo. Temos alimento e temos água. Tempo para estar com a gente mesmo. Precisamos agradecer o tempo todo e pedir pelo mundo, pelos outros, por nós também. É preciso que possamos descobrir os recursos que temos para nos desenvolvermos e abraçarmos o outro. Compartilhar o material, o acolhimento, o gesto, o olhar.

A emoção pode correr solta, experimente. Muitas vezes sai de um jeito torto, inesperado? Ô se sai! Diria que de vez em sempre!

Deixe que o desconforto te atravesse, procure seguir sua ondulação, não coloque força e tampouco resistência.
Feridas profundas podem purgar nos lembrando de tudo o que nos falta. Presença, apoio, toque, calma. Faltou?
Perceba as suas necessidades. Ninguém pode nutrir verdadeiramente sem estar nutrido.

Essas questões, de uma maneira ou de outra, poderão vir à tona para que sejam examinadas de perto e ganhem consciência para que então possam ser integradas em sua vida. Isso leva tempo e este momento pode estar agindo como um potente despertador.

E depois disso, uma por uma, as feridas deverão ser reconhecidas e acalentadas. Primeiro uma, depois a outra, até que possa compreender que elas têm a mesma raiz.

“Grande parte de vosso sofrimento é por vós próprios escolhidos. É a amarga poção com a qual o médico que vive dentro de vós cura o vosso Eu doente. Confiai, portanto, no médico e bebei seu remédio em silêncio e tranquilidade: pois sua mão, embora pesada e dura, é guiada pela suave mão do Invisível.”
KAHLIL GIBRAN

Obs. – Falar de dor e cura, das nossas feridas e da possibilidade de curá-las é falar de Quiron. Para quem não conhece, Quiron é um asteroide entre a órbita de Saturno e de Urano. Ou seja, entre o passado e o futuro.
Ele representa o Curador Ferido, o tema da dor e da cura; capaz de promover a cura porque sente na carne a própria dor da sua ferida. Nossas feridas psíquicas também estão enredadas aí, com origem na nossa infância e apontando nossa vulnerabilidade. Olhe para elas. Esta é uma boa oportunidade. Não faça o tempo simplesmente passar, não perca esta oportunidade.

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