DIA DAS BRUXAS 31 out. 2022

Após conhecer Malévola, as demais perderam o lugar junto ao caldeirão.

Impactei, amei. 

O filme é puro Netuno também, com seus reinos, fadas, seres alados e encantados.

Eu, adulta, me surpreendi com a profundidade do filme e o quanto ele acompanha o momento que estamos vivendo nos últimos anos. 

Recantos desconhecidos e sombrios de nossas almas têm se tornado cada vez mais efervescentes e presentes, para que possam ser transformados. Assuntos de Plutão.

E Malévola, com seu rosto de ossos proeminentes, trajes sombrios e poderosos chifres nos remetem muito a Saturno/Capricórnio/Pan.

O lado mau e perverso da história, vira do avesso expectativas e surpreende, ao mostrar que é possível sim, virar o jogo.

Malévola é o produto desta interação.

Intensa emoção, comando, poder e obstinado foco. Guardiã de seu reino.  O tempo não importa e não lhe falta paciência nem tampouco empenho desde que atinja seus objetivos.  Transformações vindas das profundezas, remexendo no caldeirão das estruturas com sua inabalável força interior.

Assim como a mentira pode ser uma verdade que queria muito acontecer, também nos conteúdos sombrios, já dizia mestre Jung, pode haver ouro puro.

E dentro de uma bruxa existe uma fada e toda fada pode ter um vulcão em forma de bruxa adormecido dentro de si. Somos Luz e somos Sombra o tempo todo. Resta nos conscientizarmos disso e firmarmos o pensamento na importância desta consciência.

Mas não dou conta de não falar sobre seus gritos e lamentos no momento em que se percebe sem as suas asas e deixa de ser uma fada.

Com elas, se defendia e defendia seu reino. Através delas sentia liberdade. Sem elas, perdeu tudo isso acompanhada de um gigantesco sentimento de traição (um dos lados sombrios de Escorpião) e um deserto de dor se instala em seu coração (um dos lados sombrios de Capricórnio) e ela se recolhe e endurece.

Este processo a fortalece, como convém a um bom Escorpião e a um bom Capricórnio. E ela se transforma a partir desta dolorosa experiência de desilusão, de traição e de perda do controle que tinha através do poder que suas asas lhe davam.

A realidade não adia nada, é bom estarmos preparados para encará-la de frente e saboreamos o crescimento que ela nos oferece, mesmo que através de momentos desesperadores, sem perspectiva aparente e com as emoções estraçalhadas.

Destes processos, surge o entendimento e uma nova postura diante da vida.  Não faço ideia de quem inventou isso, como se precisássemos frequentar cursinhos de sofrimento, para termos clareza e pisarmos com mais firmeza através dos caminhos que escolhemos.  

A princípio, a ideia parece péssima. Mas de alguma estranha maneira, é assim. E quem de nós não tem como ilustrar esta situação?

Como dizia uma pessoa que conheci, quando alguém perguntava se estava tudo bem com ela: - “Você tem 24 horas? Se tiver, eu te conto”. Ou seja, não faltam histórias e vivências grandiosas na vida de cada um, não importa de que natureza. 

Mas a partir destas caminhadas, por vezes tão assustadoras, recompomos nosso olhar em relação ao que foi vivido. Não se esqueça disso quando estiver no olho do furacão/caldeirão. Não resista ao movimento, tente fluir com ele. 

Redenção e renascimento nos acompanham e nos abrem para outra dimensão da existência, muito mais ampla e generosa.

Nosso ciclo de evolução é infinito e nessa espiral não faltarão momentos dilacerantes mas também não faltarão momentos divinos."

Orai e vigiai as fogueiras da Inquisição do sec. XXI.

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