A Criança Interior é a criança que potencialmente viemos ser, o nosso verdadeiro Eu, a essência de cada um e também a criança que demos conta de ser e fomos. Ela não deixa de existir quando crescemos biologicamente, está presente e vigilante durante a nossa existência e atua em todo o nosso cosmos pessoal.
Você consegue imaginar o quanto a sua Criança
Interior está presente nas suas reações, decisões, escolhas diárias? Imagina
o quanto ela se expressa através da vida adulta? Diria que o plantão que ela dá é daqueles 24h/24h
habitando inclusive nossos sonhos e planos. O nosso potencial evolutivo, está
lá. A viga mestra do que construiremos, também.
Observe-se, e provavelmente, identificará
formas suas de ser e estar no mundo fiéis à quando você era um pequeno ser.
Estar próxima daquilo que de fato é te nutre e
permite que se desenvolva, te instrumentaliza para o seu caminhar, com foco em
seu propósito.
Uma infância cerceada por pequenas e grandes violências
trunca a sua possibilidade de desenvolvimento a todos os níveis. Mesmo que uma
parte da sua vida se mostre claramente mais prejudicada que a outra, é preciso
ter claro que somos uma rede de comunicação, que atua através de diminutas fagulhas
que se afetam mutuamente.
As experiencias que vivemos, sejam elas evidentes
ou sutis, permanecem tatuadas em nós e atuantes. Se não forem trazidas à
consciência, traduzidas, elaboradas e acolhidas conduziremos nossa vida
capengas, praticamente analfabetos em relação a nós mesmos, sendo levados por
processos totalmente inconscientes, dolorosos e destrutivos, ceifando nosso próprio
crescimento a partir destas dores paralisantes.
Se tivéssemos a mais vaga ideia, da real
importância que as nossas experiências emocionais infantis têm em nossa vida
adulta, certamente daríamos precoce e cuidadosa atenção a este assunto.
Se concordarmos que a esmagadora maioria de
nós adultos, por dor, receio ou desconhecimento, não investiga amorosa e
corajosamente este altar da própria alma, poderíamos considerar a seguinte
imagem: uma porção de adultos inconscientemente comandados pelas suas
experiências infantis dolorosas, sentindo-se frustrados, raivosos, deprimidos,
exaustos, confusos, superprotetores, dependentes, projetando desejos
insatisfeitos nos que fazem parte da sua vida e também no meio em que vive.
Foi assim antes de nós e será ato continuo, se
não ficar claro num processo quase que pedagógico e certamente psíquico, a
importância de termos percepção deste
trajeto, para podermos caminhar mais
livremente por nós mesmos, pela vida e pelas experiências que se apresentarem,
tendo clara possibilidade de escolher.
Muitas vezes, pode parecer que o resultado
disso é uma teia de acusações sem fim. Mas o adulto consciente da sua história,
que pode clarear e traduzir seu passado, é capaz de anistiar, de
verdadeiramente compreender que os responsáveis pelo cuidado na sua infância,
eram possivelmente pessoas com vestes de senhores do seu Destino, mas que
carregavam em si uma Criança também machucada e desprotegida, impressa em suas
vísceras, carne, ossos, pele, voz, olhar, exigências, defesas. Eram
apenas vestes, embora suas atitudes, a partir de uma observação mais experiente
e sensível, denunciassem o tempo todo aquilo que a maioria de nós possui em seu
mundo interno – uma criança ferida, acuada, furiosa, sentindo-se traída, que
nos habita.
Nossas memórias não precisam necessariamente
corresponder aos fatos mas à maneira como nossas emoções traduziram
experiências.
Investir em um processo de autoconhecimento,
me parece a grande possibilidade de cura. Porque ilumina nosso inconsciente,
nos apresentando nossa Sombra, reparando entendimentos, aliviando pressões,
sintomas, escolhas.
Precisamos conhecer nossa Criança, suas
inquietações. E não importa se aí está uma Criança zangada, fechada, cheia de
hábitos que não apreciamos.
Mergulharmos em busca da nossa energia
criativa, na direção de sermos aquilo que de fato somos, sermos a
construção do nosso verdadeiro grande projeto.
Através do conhecimento da nossa Criança, esta
jornada pode ser o que de mais enriquecedor podemos viver. Porque nos
possibilita a abertura das nossas cavernas, define contornos, forma imagens
mais claras e possibilidades.
Nossos ancestrais e suas memórias estão em
nós. Na entrega que não conseguimos viver, na recusa em aceitar o fato de que
sim, podemos ser mais felizes e conscientes.
Não precisamos de tantos NÃO POSSO ISSO, NÃO
POSSO AQUILO. Que seja por você, através das suas experiências os SIM e os NÃO.
Este, deveria ser um grande compromisso.
Não se trata de um processo acusatório e sim
libertador! Acredito que um grande diferencial seja percebermos
e elucidarmos em nós a intenção dos que cuidaram da nossa infância. Uma
coisa é a maldade, a má intenção. A outra, é o desconhecimento do Si Mesmo
ferido. Às vezes isso pode se misturar, mas é preciso investirmos no
esclarecimento disso tudo.
Uma vez li que “o salmão deixa o mar e sempre
volta à nascente das águas em que nasceu”. Seja lá como cada um vai fazer este
percurso, é preciso retornar às origens, para compreendermos onde estamos.
Que nossa Criança Interior possa ser companhia
das nossas descobertas, muito mais reais do que idealizadas. Essas descobertas,
talvez nos permitam sermos melhores seres humanos, pais, melhores companheiros
de jornada, construtores de um mundo onde o afeto possa correr mais solto, com
vitalidade, coragem, responsabilidade e verdade. Sem dúvida, um mundo melhor,
menos violento, com menos gritos abafados, com menos medo de amar e deixar-se
amar.
O que vivemos na infância impacta toda a nossa
vida e é fundamental curarmos as feridas que foram abertas naquela fase tão inicial
e estruturadora.
O conhecimento da nossa história, que é
construída todos os dias, permite que
nossa existência ocorra de forma vital, possibilitando a realização da nossa
tarefa/aprendizado/propósito. E de certa maneira cortando o ciclo repetitivo da
tribo a que pertencemos. É cura que se multiplica,
e a medicina, é interna. Disposição para o autoconhecimento, para revisitar
suas memórias dolorosas a fim de compreendê-las, nos libertando para viver a
nossa verdadeira potência.
Amanhã, ou nos próximos dias, falarei sobre a
leitura “Sua Criança Interior”. Porque para variar, virou textão e é bom
respirar!
“Em todo adulto
espreita uma criança – uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser,
que nunca está completo, e que solicita, atenção e educação incessantes. Essa é
a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa” Carl
Gustav Jung (1875-1961)
Imagem: Pinterest
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